Publicada em 31/10/2025

Gabinete de crise do Governo de SP contra o metanol completa um mês com reforço no combate à venda de bebidas adulteradas

O gabinete de crise criado pelo Governo de São Paulo contra a contaminação por metanol completou um mês garantindo medidas rápidas e integradas para conter os casos de intoxicação e combater a produção e comercialização de bebidas adulteradas.

A mobilização envolveu diretamente as secretarias de Saúde, Segurança Pública, Fazenda e Planejamento e o Procon-SP, com ações que combinaram fiscalização sanitária, investigações criminais, apreensões, suspensões de inscrições estaduais e medidas preventivas na rede hospitalar.

Neste período, o Estado ainda formalizou um Protocolo de Intenções com as principais associações representativas do setor de bebidas alcoólicas, com o objetivo de desenvolver medidas estruturantes e eficazes de combate à adulteração de bebidas em toda a cadeia produtiva e comercial.

Até 29 de outubro, o estado havia confirmado 46 casos de intoxicação por metanol, sendo nove óbitos, e descartado 446 notificações. Sete casos permanecem em investigação.

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Desde os primeiros registros de intoxicação, a Polícia Civil deflagrou operações em diferentes regiões do estado. No período, 46 pessoas foram presas, 23 mil garrafas irregulares foram apreendidas e mais de 140 mil vasilhames e 500 mil itens utilizados em fraudes, como rótulos, tampas e lacres, foram recolhidos. As investigações permitiram desarticular fábricas clandestinas em cidades como Campinas, Cotia, Hortolândia e Rio Claro.

Uma das ações mais relevantes foi a Operação Última Dose, que cumpriu mandados de busca e apreensão em São Bernardo do Campo. No interior paulista, uma fábrica responsável por abastecer diversos bares foi interditada e a responsável, presa em flagrante. As apurações mostraram que o grupo comprava etanol de postos de combustível para falsificar bebidas, e que parte desse etanol estava “batizado” com metanol.

A Polícia Técnico-Científica desenvolveu um protocolo inédito para identificar rapidamente a presença da substância nas amostras, metodologia que passou a ser referência para outros estados.

Ao longo do mês, as ações da Vigilância Sanitária estadual e municipal, sob coordenação da Secretaria de Estado da Saúde, resultaram em mais de 40 vistorias e 15 interdições totais de estabelecimentos. As inspeções ocorreram em bares, adegas, distribuidoras e restaurantes da capital, da Grande São Paulo e do interior. As equipes verificaram irregularidades como bebidas sem procedência, produtos vencidos, más condições de armazenamento, presença de pragas e falta de controle de temperatura de alimentos e bebidas.

Entre os estabelecimentos interditados, foram constatadas irregularidades como funcionamento sem licença ou descumprimento das normas sanitárias. As equipes também apreenderam garrafas para análise laboratorial, a fim de confirmar ou descartar a presença de metanol.

Em outra frente de atuação, a Secretaria de Fazenda e Planejamento realizou duas fases da operação Gota a Gota, percorrendo in loco 22 alvos suspeitos de comércio irregular de bebidas destiladas. Foram mobilizados, em cada uma das ações, 30 auditores fiscais da Receita Estadual. Além dos alvos diligenciados nas operações, a Secretaria também atuou na suspensão de inscrições estaduais de estabelecimentos interditados pela Vigilância Sanitária. Foram 23 inscrições estaduais suspensas no período, das quais três foram reativadas, permanecendo 20 suspensas.

Testagem acelerada e tratamento garantido

O trabalho de testagem e monitoramento de casos também foi reforçado. As análises toxicológicas são realizadas em laboratórios de referência nacional, como o Laboratório de Toxicologia Analítica Forense (Latof) da USP de Ribeirão Preto e o Centro de Informações Toxicológicas (CIATox) da Unicamp. O cruzamento rápido de informações entre unidades de saúde, polícia e órgãos técnicos tem permitido a identificação e descarte ágil de suspeitas.

Para garantir tratamento imediato aos pacientes, o Governo de São Paulo adquiriu 5,5 mil ampolas de álcool absoluto, o principal antídoto utilizado nos casos de intoxicação, e mantém estoque de cerca de 4 mil doses. Os medicamentos estão distribuídos em hospitais estratégicos em todas as regiões do estado, garantindo resposta rápida às unidades de referência que recebem casos suspeitos.

A quantidade de ampolas para o tratamento de cada paciente varia de caso para caso. A dose de ataque inicial é de dez ampolas por paciente. Depois, conforme a evolução clínica, podem ser liberadas mais 30 ampolas para manutenção do tratamento e assim sucessivamente. O tempo de terapia varia conforme a resposta clínica e os exames laboratoriais, e que, nos casos graves, o tratamento é associado à hemodiálise, que auxilia na remoção do metanol do sangue.

Fiscalizações

A Vigilância Sanitária estadual, com apoio dos 645 municípios e dos Grupos de Vigilância Regionais, realizou em 2025 mais de 138 mil inspeções em estabelecimentos dos setores de alimentos e bebidas, entre comércios, atacadistas e serviços de alimentação. As medidas reforçam o controle de qualidade e a segurança dos produtos oferecidos à população, em conformidade com as normas da Anvisa e do Centro de Vigilância Sanitária (CVS-SP).

O Procon-SP também desempenhou papel importante na força-tarefa. Durante o mês de outubro, fiscais visitaram 338 estabelecimentos em todo o estado, identificando irregularidades em 155 deles. O órgão criou um canal de denúncias específico para casos de suspeita de adulteração de bebidas, que já resultou na interdição de estabelecimentos na capital e no interior. Além disso, o Procon-SP lançou a ação #DeOlhoNoCopo, mobilizando mais de 100 Procons municipais em uma operação simultânea de orientação e fiscalização em bares e restaurantes.

Na mesma linha, foram produzidos materiais informativos com dicas para comerciantes e consumidores sobre como identificar sinais de adulteração e garantir a compra de produtos seguros. A iniciativa ampliou o alcance das ações educativas, envolvendo 378 Procons conveniados em todo o território paulista.

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